136 Anos do Fim da Escravidão no Brasil. será?
- Mário Costa
- 14 de mai. de 2024
- 3 min de leitura
Batalha pela abolição já ocorria nas províncias brasileiras anos antes da assinatura da Lei Áurea, e reunia escravizados, negros libertos, pessoas da classe média e da alta sociedade — Foto: André Valente/BBC
A escravidão acabou, de fato, no Brasil?
No dia 13 de maio deste ano de 2024, o Brasil celebra os 136 anos do fim da escravidão, um marco que representa não apenas o término de um sistema opressivo, mas também uma conquista histórica na luta por liberdade e igualdade. Em 1888, a assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel foi um momento crucial na trajetória do país, pondo fim a séculos de exploração e sofrimento de milhões de pessoas escravizadas.
Essa data é mais do que uma simples marcação no calendário;
é um lembrete poderoso do poder da resistência e da luta coletiva!
Durante anos, abolicionistas de diferentes origens e perspectivas uniram forças para desafiar um sistema profundamente arraigado, enfrentando adversidades e lutando por uma sociedade mais justa.
Apesar das circunstâncias desafiadoras e da resistência da elite escravocrata, esses heróis abolicionistas perseveraram, promovendo manifestações, campanhas políticas e ações diretas para conscientizar e mobilizar a população. Seus esforços culminaram na abolição da escravidão, um marco que ressoa até os dias de hoje e que deve ser lembrado e celebrado como um triunfo da humanidade sobre a injustiça.
Heróis da Liberdade
Brasileiros que Lutaram pela Causa Abolicionista
Ao relembrarmos os 136 anos do fim da escravidão no Brasil, é essencial homenagear os heróis muitas vezes esquecidos que dedicaram suas vidas à causa da emancipação. Figuras como Luís Gama, Maria Tomásia Figueira Lima, André Rebouças, Adelina e Dragão do Mar são exemplos inspiradores de coragem, determinação e compromisso com a justiça social.
Luís Gama, um ex-escravizado que se tornou advogado autodidata, desafiou o sistema judicial ao representar centenas de pessoas escravizadas em busca de liberdade. Sua dedicação incansável à causa abolicionista deixou um legado duradouro, mostrando que a educação e o conhecimento são armas poderosas na luta pela igualdade.
Maria Tomásia Figueira Lima, por sua vez, liderou movimentos abolicionistas no Ceará, mobilizando mulheres influentes e promovendo a libertação de escravizados muito antes da Lei Áurea. Sua determinação e organização demonstram como a ação coletiva pode gerar mudanças significativas na sociedade.
André Rebouças, renomado engenheiro e abolicionista, defendeu não apenas a liberdade dos escravizados, mas também a garantia de direitos e terras para os libertos. Sua visão de uma sociedade mais justa e inclusiva continua sendo uma fonte de inspiração para as gerações futuras.
Adelina, uma mulher escravizada que atuava como 'espiã' para os abolicionistas, arriscou sua própria liberdade para fornecer informações vitais para a fuga de outros escravizados, demonstrando como até mesmo os mais marginalizados podem desempenhar um papel relevante na luta pela emancipação.
E Dragão do Mar, o jangadeiro corajoso que liderou uma greve histórica contra o transporte de escravizados, simboliza a resistência popular que eventualmente levou à abolição em sua província e em todo o país. Sua bravura e determinação são um lembrete poderoso do poder da ação coletiva na busca por justiça e igualdade.
Nesta pintura da sessão parlamentar que aboliu a escravidão no Ceará, em 1884, é possível ver diversas mulheres entre os homens — Foto: Acervo da Biblioteca Nacional
Teria a escravidão acabado no Brasil?
Apesar de oficialmente abolida há 136 anos, a escravidão deixou um legado que persiste até os dias de hoje no Brasil. Infelizmente, muitas pessoas ainda vivem em condições que se assemelham à escravidão, o que lança uma sombra sobre a narrativa de progresso e libertação.
Casos de trabalho escravo, tráfico humano, exploração laboral e condições degradantes são frequentemente noticiados em diversas áreas da sociedade, incluindo agricultura, construção civil, indústria têxtil e doméstica, entre outras. Essas situações refletem não apenas a persistência de práticas desumanas, mas também falhas graves em políticas públicas, fiscalização e conscientização.
É importante questionar se a escravidão realmente acabou
quando tantas pessoas ainda sofrem em regimes que as privam de liberdade, dignidade e direitos básicos!
O fato de que essas violações continuam ocorrendo revela a existência de lacunas profundas na aplicação da lei, na proteção dos trabalhadores e na garantia dos direitos humanos.
Enquanto celebramos o fim oficial da escravidão, devemos reconhecer a urgência de enfrentar esses desafios persistentes. Isso requer um compromisso renovado com a justiça social, a erradicação da pobreza, o fortalecimento das instituições democráticas e o combate à exploração e à desigualdade em todas as suas formas.
Somente quando cada indivíduo for verdadeiramente livre
e capaz de viver com dignidade poderemos afirmar
que a escravidão chegou ao seu fim no Brasil.
Essa é uma responsabilidade compartilhada por todos nós, como cidadãos e membros de uma sociedade que busca construir um futuro mais justo para todos.
Ao celebrarmos os 136 anos do fim da escravidão no Brasil, é fundamental lembrar e honrar esses heróis e suas contribuições para a construção de um país verdadeiramente livre.
REFERÊNCIA DESSA MATÉRIA:
texto de Amanda Rossi e Camilla Costa
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