Formado em economia política pela Universidade de Lausanne, Suiça; Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, Polônia (1976). Atualmente é professor titular no departamento de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, nas áreas de economia e administração.
O presente texto de Ladislau Dowbor trata a questão da redinamização do espaço global no início do século XXI, que considero relevante de ser discutida, sobretudo em tempos 'eleitoreiros'.
Discutir a redinamização é, de fato, algo de suma importância para a civilização, contudo, ao discutir e, sobretudo, ao implantar tal processo, não se pode perder de vista que, frente a esta nova estruturação, encontra-se o indivíduo, completamente sem sentido, desorientado.
As novas tecnologias e os efeitos de uma globalização desenfreada têm feito com que o homem se torne 'mais um' no meio da multidão, e não um ser único e distinto, como sua essência o constitui.
Neste sistema, “quem não faz parte do rolo compressor, faz parte da estrada”[1], ou seja, ou o indivíduo se sujeita às leis regentes do sistema, ou o sistema o esmaga, fazendo dele um nada. Poderíamos aqui parafrasear o corriqueiro dito popular 'se correr o bixo pega e se ficar o bixo come'.
O sistema político constitui gigantescos satélites econômicos, que aproximam de si somente aqueles cujos interesses irão completar-se. Tais gigantes têm nas mãos o controle de quase três quartos da produção mundial, o que ocasiona uma submissão indiscutível de grande parte do globo.[2]
O mecanismo utilizado por tais potências são os juros, que levam a uma drenagem de recursos nacionais, tornando a posição de países pobres insustentável. A cidadania se vê abalada diante de tal processo, pois sua liberdade se vê ferida diante da manipulação daqueles que detém o poder.
“(...) o estado nação tornou-se pequeno demais para as grandes coisas, e grande demais para as pequenas.”[3] Tal propositura nos faz repensar o conceito de nação, e a necessidade de que o mesmo seja reavaliado, de modo que os espaços sejam melhor distribuídos, e com isso as grandes metrópoles descentralizem suas funções, tornando-se um elo na rede internacional das cidades mundiais. A economia global não existe 'no ar', ao contrário, enraíza-se em pólos concretos. Passando as metrópoles a desempenhar um novo papel, consegue-se a redefinição dos espaços.
A nova iniciativa de organização social tem, ao lado das tecnologias urbanas, feito o mundo moderno entrar num estado de fervor. O ser humano cerca as cidades, acreditando ingenuamente estar nelas a essência do desenvolvimento. A cidade está no foco de uma profunda reformulação política, onde exista a possibilidade de viabilizar transformações necessárias aos níveis mais amplos.[4]
“(...) o que globaliza separa; é o local que permite a união.”[5] É necessário que se humanize o desenvolvimento ao ponto de se re-humanizar o próprio homem. Isso não é possível sem a reconstituição dos espaços comunitários, e só se dará através de uma redefinição de cidadania, com decisões que sejam significativas. Precisamos de mais democracia, mas uma democracia estreitamente ligada à estrutura social.
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