Você procrastina???
- por Mário Costa
- 22 de mar. de 2015
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de jun. de 2021

Aprendemos em nossa educação familiar que não se deve realizar tal coisa.
Deixar para amanhã o que se pode (deve) fazer hoje pode trazer grandes e graves consequências!
É interessante perceber que se trata de uma ação contrária à pessoa, e realizada por ela como uma tentativa de defender-se de uma determinada situação ou problema, julgando ser o adiamento a melhor opção. Entretanto, a pessoa que procrastina acaba tomada por stress e por um sentimento de culpa, seguidos, quase sempre, de um sentimento de vergonha por não cumprir com as suas responsabilidades e compromissos, além da perda de produtividade.

Fica evidente que procrastinar, além de ser uma ofensa que a pessoa faz a si mesma, a torna vulnerável e sujeita a uma sequência de erros, impedindo o funcionamento normal das suas ações e, em seu nível crônico, indicando problemas de ordem psicológica ou fisiológica. O fundador da Psicanálise, Sigmund Freud, chamou as causas desse comportamento de “fracasso com êxito”, situação em que a pessoa, inconscientemente, procrastina sempre que está em uma situação de sucesso, chamado auto-boicote. É uma produção do inconsciente para “proteger” algo que tememos enfrentar.
Momentaneamente se tem a (falsa) sensação de ter resolvido o problema, adiado pelas distrações realizadas, contudo, as causas e efeitos do adiamento aparecem quando chega a hora de resolver o problema deixado de lado e, quando não há mais como resolvê-lo, simplesmente sofre passivamente e sem recursos, as consequências da procrastinação.
Se fôssemos discutir as eventuais causas psicológicas da procrastinação, nos depararíamos com a ansiedade, a baixa autoestima e, por vezes, com uma mentalidade autodestrutiva, considerando que tais comportamentos revelam um nível de consciência abaixo do normal, sendo tais sujeitos pessoas que trabalham mais numa esfera ideal do que real, fundamentados em um desejo de perfeição, ao invés de uma visão realista de seus deveres e possibilidades. É comum que pessoas perfeccionistas desenvolvam a procrastinação, uma vez que elas sofrem por temerem não realizar algo tão bem, e acabam paralisando-se ou planejando demais, de modo que suas metas ideais sejam sempre adiadas por receio de não serem cumpridas como gostariam.
Talvez fique evidenciado tal comportamento em uma análise simples que podemos fazer em relação a nós mesmos, observando como ficamos distantes de nossas ações necessárias, e passamos a realizar ações completamente desnecessárias. Um exemplo é o uso do celular e das redes sociais!
Muitas vezes estamos atrasados com um trabalho ou atividade, ou precisamos resolver um problema pessoal ou profissional e, por receio de não obter sucesso (autoboicote) ou mesmo de não ter condições de realizá-lo como queremos (perfeccionismo), nos pegamos “pendurados” no Facebook, no WhatsApp ou qualquer outro aplicativo que nos subtraia o foco. Alguns se metem em compras, passeios ou outra atividade qualquer que o distancie ou adie a tomada de decisão ou atividade que deveria realizar e não realiza.
O procrastinador é uma pessoa que adia ações ou posicionamentos com frequência, e gasta parte significativa do seu dia em realizar nada efetivo ao invés de atividades necessárias, recorrentemente deixando-as para a última hora.

No campo fisiológico, a procrastinação também afeta o sistema imunológico, ocasionando gripes, insônia e até mesmo problemas gastrointestinais. As raízes fisiológicas da procrastinação se dão na área do cérebro responsável por funções como o planejamento e os controles de impulsos e atenção. Num grau de normalidade essa área cerebral diminui os estímulos que ocasionam distração. Pessoas que tiveram algum tipo de lesão, ou que utilizem pouco essa área do cérebro podem ter reduzida sua capacidade de filtrar os estímulos que causam distração, ocasionando, desde a má organização à perda de atenção e, consequentemente, a procrastinação.
Não podemos, contudo, confundir a procrastinação com desordens persistentes e debilitantes que designam outros problemas como depressão ou transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). A procrastinação é uma condição comportamental não tratada com medicamentos que podem melhorar a capacidade de foco e atenção, como pode ocorrer nos casos citados. A psicoterapia demonstra-se ferramenta significativa no auxílio a pessoas que procrastinam e pretendem desenvolver novos comportamentos, superando medos e ansiedades e, consequentemente, melhorando sua qualidade de vida. A procrastinação debilitante e crônica exige tratamento psiquiátrico que verifique a existência de um problema de saúde mental.
Para mim, o segredo está na ampliação de nosso nível de consciência, pois tal ampliação abre para nós as possibilidades de escolha e maior autodomínio, sem deixar-se controlar por desestruturações emocionais. Não é algo simples de ser conquistado, sobretudo em uma sociedade repleta de distrações de nossas metas e prioridades, mas, como toda meta, se nos é cara, exige empenho e dedicação, e boa dose de atenção cotidiana para perceber se o que estou fazendo agora é o que deveria ou se estou simplesmente procrastinando...
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Estar atento a si mesmo é necessário, já que nos atentamos tanto ao que está fora de nós quando o segredo está me nós mesmos!

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