MENTIRA, CHANTAGEM E MANIPULAÇÃO: Onde se meteram a Verdade e a Liberdade?
- por Mário Costa
- 10 de ago. de 2015
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de jun. de 2021

Tenho ouvido, não poucas vezes, comentários e reflexões mais aprofundadas sobre mentiras, ou “meias verdades”, se é que essas possam existir. Ao lado dela – da mentira, caminham suas filhas: a chantagem e a manipulação.
Quando se tira do outro o direito à verdade, é como se estivesse afirmando: não me importo com você! Digo isto, pois, como se dizer preocupado com o outro, com o que ele pensa, sente ou vive, se o privo do direito e acesso àquilo que é verídico, factual e, portanto, verdadeiro?
A ausência da verdade, por sua vez, priva o cidadão da liberdade já que, vivendo um mundo ilusório, onde reina a mentira e falsidades de natureza diversa – a começar pelos corpos e rostos que desfilam nossas ruas, é quase impossível ser livre e escolher com clareza e prudência, já que não se consegue discernir sobre nada sem estar sendo manipulado ou chantageado por alguma forma de artifício.
Muitos se afirmam livres simplesmente pelo fato de poderem ir e vir – direito ímpar do homem, contudo, poder transitar na “selva de pedra” não nos faz plenamente livres. O que confere ao homem a liberdade plena é o acesso à verdade livre de qualquer desvio conceitual ou conjectural. Avessa à chantagem e à manipulação, a verdade é filha única, e tem como fruto de seu ventre a liberdade!
Somente o homem que alcançou a verdade pode se apresentar livre, uma vez que não sofre as manipulações e não cede às chantagens a que é submetido diuturnamente. Há muitos que atribuem à mídia – em suas diversas formas, a culpa ou responsabilidade – como preferirem, pela manipulação social. Destarte, em meu entendimento, não é a mídia a responsável pela manipulação social, não é ela quem chantageia o povo, sobretudo o mais humilde. Quem manipula e chantageia é a ignorância disseminada por um sistema corruptor da verdade e usurpador da liberdade, sistema esse que só existe nutrido por cada um de nós, quando percebendo tal fato, nos calamos diante dele.
Numa sociedade abortiva, não temos visto o parto da liberdade nos olhos e no comportamento de nossos jovens e, tampouco, de nossas crianças. O desejo pelo conhecimento do que é verdadeiro tem cedido aos artifícios daquilo que melhor convence. A beleza falsa agrada mais ao olhar que a verdade esculpida pelo tempo. A capa que cobre o corpo precisa ter etiqueta e, sem essa, parece sucumbir aos olhares dos que detém a pseudo verdade que não dá à luz a liberdade, mas à manipulação e à chantagem, essas irmãs siamesas que insistem transitar entre nós.
Já se fala em “verdades e liberdades”, como se pudessem haver muitas. Fala-se ainda em “sua verdade” e “minha verdade”. Mas a verdade não é um dogma, é uma evidência constatada. A mentira, por sua vez, é a ausência da coerência trazida pela constatação factual, portanto, para ser sustentada, recorre aos seus frutos – manipulação e chantagem, para manter-se no rol do crível, até que se esvai seu poder de persuasão e uma nova mentira seja contada ao “mundo do faz de conta”, agradando mais do que aquela que a precedeu.
Não foram a verdade e a liberdade que se distanciaram de nós. Antes, fomos nós quem nos distanciamos delas, corrompendo seus atributos basilares, tornando-as artifícios a serviço da manipulação e da chantagem.

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