Após ouvir muitos comentários e, até mesmo depois de ter recebido o PDF do livro de presente de uma amiga - não sei com que finalidade (risos), essa semana, passando por uma livraria, me peguei com o livro nas mãos e fiz aquela leitura básica das orelhas, dei uma analisada no sumário e, ainda com tempo para uma leitura rápida de uns trechos, percebi afinidade com a escrita do autor. Comprei o livro!
Estou me referindo ao livro intitulado "A sutil arte de ligar o f*da-se - uma estratégia inusitada para uma vida melhor", do americano Mark Manson.
Embora o título me remetesse a uma postura completamente despreocupada com tudo - que eu condenaria, ainda nas primeiras páginas, o autor descontruiu aquele olhar. Percebi que, embora tenha parecido, não se trata de "cagar e andar" para o mundo, para as pessoas e para o que mais houver. O convite é a adoção de uma postura em que se construa um olhar diferente para as mesmas coisas.
No texto da orelha li um trecho que dizia que "o verdadeiro segredo não é fazer uma limonada com os limões que a vida dá, mas conviver numa boa com a úlcera no estômago que vem em seguida". Aparentemente trágico. Mas revela, na tomada de consciência, que aceitar nossos limites e que a vida é, naturalmente, composta de dores e intempéries, pode ser libertador. Abraçar nossos medos, incertezas, angústias e limites coloca-nos diante das verdades mais dolorosas com as quais lidamos cotidianamente e, se as abraçarmos de modo consciente, é possível tomar as rédeas e ter coragem e entusiasmo diante da vida, mesmo com todas as suas adversidades.
Importar-se com tudo e com todos é o que sobrecarrega de maneira absurda nossas mentes, até o momento em que os acidentes passam a ser mais relevantes que a essência (leia a fundamentação aristotélica caso queira aprofundar). A vida feliz o tempo todo não é possível. Para isso, seria necessário que o mundo, as coisas, as pessoas e as situações estivessem todos em conformidade aos nossos desejos ou, trocando em miúdos, que tudo fosse do jeito que a gente quer.
Seríamos como crianças mimadas esperando um "sim" quando, na verdade, a possibilidade de receber um "não" é sempre maior e mais efetiva, dadas as possibilidades do erro. Ou ainda, receber um "não" seria mais efetivo e útil à nossa felicidade que um "sim" despropositado.
Parafraseando o autor, esperar a felicidade plena, o tempo todo, é "pedir para se f*der". Por isso ligar o f*da-se é uma arte tão sutil, já que não se trata de pouco importar-se com a sua existência ou com a dos outros mas, ao contrário, justamente por importar-se com ela, movimentar-se para uma consciência cada dia mais aprimorada de suas limitações e das chances de que muitas coisas não acontecerão como queremos ou idealizamos, até porque, entre o ideal e o real, existe uma distância, por vezes, intransponível.
A vida mais leve e mais feliz é aquela onde assumimos os nossos fracassos de forma madura, não colocando-nos como coitadinhos, fazendo "beicinho" como a criança contrariada, posicionando-nos como pessoas para quem nada dá certo. Se nossos problemas forem sempre vistos como injustiça, fracasso, ofensa, perseguição, traição e o que mais existir de desgraça, nossa vida se torna um inferno - na verdade nossa cabeça produz esse inferno e, aos poucos, ele se projeta na vida aqui fora.
Pessoas saudáveis aprendem a lidar com suas frustrações. Não são pessoas indiferentes, conformadas ou invulneráveis. Antes, são seres que conseguem manter-se confortáveis mesmo sabendo-se vulneráveis. Preocupam-se com as coisas mais importantes, tirando o foco das adversidades e problemas. É preciso que nos empoderemos para escolher o que realmente importa. Segundo Mark Manson, " (...) o único jeito de superar uma dor é aprender a suportá-la." (p. 30)
Estou em busca de aprender a suportar as minhas, e isso tem me feito bem...
E você? Que movimento está fazendo aí nas suas adversidades cotidianas?
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