a Doçura da Felicidade - a Vida nas Palavras de Trilussa
- Mário Costa
- 5 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
"Há uma abelha que pousa sobre um botão de rosa:
suga-o e vai-se embora... Em suma, a felicidade é uma coisa pequena."
O poeta dialetal italiano Trilussa, ecoa através do tempo como uma delicada melodia que convida à reflexão sobre a essência da felicidade em meio aos momentos fugazes da vida.
Trilussa, cujo nome real era Carlo Alberto Salustri, viveu entre 1871 e 1950, e testemunhou um período de grandes transformações sociais e políticas na Itália. Talvez estejamos vivendo, no Brasil, um momento de transformações semelhantes, claro, consideradas as devidas e necessárias proporções, já que mudanças políticas e sociais sempre trazem consigo particularidades e minúcias que não podem ser desconsideradas.
Contudo, quero me ater às palavras simples, mas profundas, do poeta que nos convida a refletir que a felicidade muitas vezes reside nos detalhes mais sutis da existência.
Imaginemos a cena descrita pelo poeta: uma abelha, diligente e dedicada, pousa sobre um botão de rosa. Em um breve instante, ela extrai o néctar, absorve a doçura e parte, deixando para trás a flor que, mesmo brevemente tocada, permanece bela. Essa imagem poética nos convida a considerar a fugacidade da felicidade e como, muitas vezes, está contida em momentos aparentemente efêmeros.
A vida moderna, muita das vezes, nos leva a buscar a felicidade em conquistas grandiosas, eventos extraordinários ou marcos significativos. Mas, nos alegremos, o poeta nos lembra que a verdadeira essência da felicidade pode ser encontrada nas pequenas alegrias do cotidiano. Assim como a abelha que encontra sua doçura em um singelo botão de rosa, nós também podemos descobrir momentos de felicidade nas pequenas coisas: num sorriso recebido de forma despretensiosa, num abraço apertado e longo que nos alivia o peso do dia, ou ainda, num raio de sol que toca nossa pela após atravessar as nuvens.
Ao reconhecer a natureza transitória da felicidade, somos instigados a valorizar cada instante de nossa vida. São esses instantes que compõem a "trama" de nossas vidas, pois somos seres únicos, e nunca alguém poderá se comparar a nós, por maiores que sejam nossas semelhanças. Cada sorriso compartilhado, cada conversa sincera oportunizada, cada pôr do sol testemunhado, cada abraço dado ou recebido, tornam-se peças valiosas desse "quebra-cabeças" chamado felicidade.
A metáfora da abelha e do botão de rosa de Trilussa também pode nos convidar a apreciarmos a beleza contida na simplicidade. Acabamos, na correria da vida moderna, nos perdendo na busca pelo extraordinário, esquecendo-nos que a verdadeira magia está nos detalhes mais simples da vida. Basta acolhermos o convite do poeta e observarmos a abelha ao retirar o néctar de uma flor. Num simples ato, é possível perceber que a grandiosidade reside na própria simplicidade do ato.
Enxergar a vida através de uma lente poética, nos ensina a abraçar essa filosofia em que a felicidade reside nas pequenas coisas, seja apreciando a beleza da natureza, seja saboreando uma xícara de café ou compartilhando gargalhadas com amigos, pois, cada momento, é uma oportunidade única de, como a abelha, encontrar a doçura da felicidade.
Que possamos ter sempre vivo na memória esse lembrete atemporal: a felicidade é uma coisa pequena, mas é nessa pequenez que reside sua verdadeira grandeza. E, se acaso você se encontra navegando por mares turbulentos, aprenda a extrair a doçura dos momentos, como a abelha que extrai o melhor do "lugar" onde pousa!
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